“Você precisa aprender seu instrumento. Daí, você pratica, pratica e pratica. E então, quando você finalmente subir no palco, esqueça tudo isso e apenas toque.”
Charlie “Bird” Parker
Seres humanos são como fogos de artifício. Alguns explodem por fúria, outros por dor, outros por puro desejo. Mas no final, todos explodem imploram e clamam por vida. E são exatamente nesses momentos de pura e majestosa explosão que o gozo real da vida se manifesta. A mais pura amargura vai lhe trazer o maior sentimento de vida que você já sentiu.
O sonhador que sonha com estradas reluzentes a furiosas pula de alegria quando sabe que provavelmente nunca será como seus heróis. Na essência de sua alma ele sabe disso, mas se esconde dos tiros discretos da realidade e se afoga em seu desejo supremo. E tudo fica inerte como os trens obsoletos na terra sagrada das ferrovias.
Mas o coração bate e bate, e baterá até se cansar completamente, e quando isso acontecer você finalmente encontrará a razão eterna de sua existência. E viverá como um santo, nos ecos escuros e gloriosos de sua própria mente e alma. Tudo está vivo e pronto para estar morto e atingir a iluminação mais alta. Porém, nós, seres humanos, fogos de artifício do alegórico intelecto, preferimos nos acorrentar ao próprio. Uma grande âncora gigantesca que te afunda até os confins de sua infinita consciência. Mas a âncora também é o foguete, que quando explode em suas mãos, te leva a tão sonhada glória, que você nem mesmo conhece mas anseia por conhecer. Logo, ame seus problemas. Ame os ratos e baratas que convivem junto de ti debaixo de seus pés pois eles lhe causam problemas. Elogie o deserto seco da vida e deseje ele como seu eterno guia e trilhe seus infinitos caminhos para sempre.
Um bluesman perde a visão, porém ganha a mais gloriosa dádiva musical. Afinal, do que serve a visão se tudo isso que vê mora em você próprio? Você é o poema. E absolutamente nada ao mesmo tempo.
Por isso, exploda e aceite isso com todo seu amor quando chegar a hora. E quando chegar a hora, estique suas cordas mais queridas e belas até o máximo até que elas arrebentem em um grandioso e eterno grito da mais pura satisfação. E então, depois do grito de alívio, olhe suas cordas retalhadas com honra e amor e amarre-as uma por uma, num nó que será mais forte do que tudo em que viu na vida. Você é o nó a corda e as mãos que as arrebentaram. Tudo isso ao mesmo tempo. Por isso, com o mesmo desejo, lhes peço: Vivam intensamente até tal hora chegar, e quando ela chegar, explodam como fogos de artifício.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
terça-feira, 27 de novembro de 2007
A canção é você
O que seria de mim sem minhas melodias azuis e flamejantes? Ou sem seus gritos e gemidos borbulhantes. Guitarras e gaitas harmoniosas explodindo meu cérebro que clama e clama. Eu sempre precisei deles. Ninguém vai tirar isso de mim.
Meu deus é como um ás de espadas. Negro como a noite que envolve todo e cada vagabundo em seu leito férreo.
Os saxofones estouram como bombas de hidrogênio invisíveis e sempre vão manter seu cérebro ligado e atordoado. E seus olhos injetados explodindo como fogos de artifício. E tudo isso para todo sempre, e sempre... Daí entra o trompete mais suave te dilacerando aos poucos te fazendo viciar como o primeiro pico doloroso. O piano pulando entre suas orelhas entrando e saindo pelos seus olhos brilhantes e jovens. Saltando entre tudo e nada como uma bailarina dos tempos. Pam na nan nammmm. E a bateria lá... "Éééé...." A voz do músico. Curtindo aquilo tudo numa decrescente insana até chegar num glorioso e calmo louco gemido de "ééé...." e por aí vai. Ou então o guitarrista cantando seu próprio solo. Dizendo ao mesmo tempo o que seu membro retrátil feito de cordas diz geme e explosivamente clama. E as cordas do vocalista também vibram e todo instrumento vibra com ele.
Merda, como tudo isso é sensacional. Se você não sabe o que é isso, definitivamente você esqueceu o que as ondas dentro do ventre em que nasceu te diziam.
Meu deus é como um ás de espadas. Negro como a noite que envolve todo e cada vagabundo em seu leito férreo.
Os saxofones estouram como bombas de hidrogênio invisíveis e sempre vão manter seu cérebro ligado e atordoado. E seus olhos injetados explodindo como fogos de artifício. E tudo isso para todo sempre, e sempre... Daí entra o trompete mais suave te dilacerando aos poucos te fazendo viciar como o primeiro pico doloroso. O piano pulando entre suas orelhas entrando e saindo pelos seus olhos brilhantes e jovens. Saltando entre tudo e nada como uma bailarina dos tempos. Pam na nan nammmm. E a bateria lá... "Éééé...." A voz do músico. Curtindo aquilo tudo numa decrescente insana até chegar num glorioso e calmo louco gemido de "ééé...." e por aí vai. Ou então o guitarrista cantando seu próprio solo. Dizendo ao mesmo tempo o que seu membro retrátil feito de cordas diz geme e explosivamente clama. E as cordas do vocalista também vibram e todo instrumento vibra com ele.
Merda, como tudo isso é sensacional. Se você não sabe o que é isso, definitivamente você esqueceu o que as ondas dentro do ventre em que nasceu te diziam.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Palavras a(o meu) Gerard
Gritos como de um carro derrapante.
Impossível descrever tal anseio delirante.
O uivo infantil errante.
As palavras no escuro escorregadio desconcertante.
Brilham imponentes.
Para os meus olhos jovens, como incríveis diamantes.
Suplicante.
Assustadoramente;
Meliante.
Um alento kerouquiano.
O oceano é o meu irmão.
Sim. O oceano da dor precoce.
Espasmos sem sentido.
Gritos sussurantes no seu corpo pequenino e assustado;
Latejante!
Seus olhos azuis medrosos, porém sempre atentos;
A qualquer instante.
Oh Deus, ajude-o desse descontrole mental.
Que tanto lhe aflige e que lhe coloca tão distante.
A emoção me toma conta quando o vejo dormir, feliz.
Sonhando ser um garoto saltitante.
Já estou incomodando bastante.
Não tenho mais nada a dizer ou acresentar.
Nesse meu poema blues ondulante.
Impossível descrever tal anseio delirante.
O uivo infantil errante.
As palavras no escuro escorregadio desconcertante.
Brilham imponentes.
Para os meus olhos jovens, como incríveis diamantes.
Suplicante.
Assustadoramente;
Meliante.
Um alento kerouquiano.
O oceano é o meu irmão.
Sim. O oceano da dor precoce.
Espasmos sem sentido.
Gritos sussurantes no seu corpo pequenino e assustado;
Latejante!
Seus olhos azuis medrosos, porém sempre atentos;
A qualquer instante.
Oh Deus, ajude-o desse descontrole mental.
Que tanto lhe aflige e que lhe coloca tão distante.
A emoção me toma conta quando o vejo dormir, feliz.
Sonhando ser um garoto saltitante.
Já estou incomodando bastante.
Não tenho mais nada a dizer ou acresentar.
Nesse meu poema blues ondulante.
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Anotações de uma manhã nua e particular;
I
Da confusa e negra noite sempre nascerá uma profunda e limpa manhã.
II
O gato espreita o passarinho
Enquanto o louco anota seu caminho
O cão que rói o osso
O coração que SIM, tenho no torso
O calor que bate em minha nuca
Que de nada me machuca
(Que deus abençoe os animais, o osso ou até mesmo minha nuca!)
III
Anotações doidas
Cobrança da mente
O corpo são os olhos da mente
Que tudo vê e tudo sente
IV
O cão toma sol
Como se pedisse um lençol
O Sol responde
Com sua luz delirante
E um pobre coitado
Que estava ali
Somete a escrever
Virou uma sombra
Do lado do cão dançante.
Da confusa e negra noite sempre nascerá uma profunda e limpa manhã.
II
O gato espreita o passarinho
Enquanto o louco anota seu caminho
O cão que rói o osso
O coração que SIM, tenho no torso
O calor que bate em minha nuca
Que de nada me machuca
(Que deus abençoe os animais, o osso ou até mesmo minha nuca!)
III
Anotações doidas
Cobrança da mente
O corpo são os olhos da mente
Que tudo vê e tudo sente
IV
O cão toma sol
Como se pedisse um lençol
O Sol responde
Com sua luz delirante
E um pobre coitado
Que estava ali
Somete a escrever
Virou uma sombra
Do lado do cão dançante.
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Dentro de um copo de café, corre um rio amargo
Dentro de um copo de café o jovem se vê enquanto pingos fartos, gordos, enorme feitos do sal da Terra e dos fluidos dos homens caem & levantam alto todo aquele líquido negro. O choque das matérias que obriga uma ou outra ceder mais espaço. Como bombas norte-americanas caindo sobre Hamburgo como mostra a revista sob a mesa. Chega de drama. “Engula essas lágrimas diluídas em café” ele pensa. “Engula seus problemas e faça seu papel de homem. Aja de acordo com as habilidades do intelecto que você nem mesmo pediu a Deus, mas que mesmo assim as possui e deve usá-las”.
Mas ele não consegue e caí dentro daquele café negro enlouquecido flamejante enfurecido. A corrente preta não lhe permite alcançar o outro lado do rio. A televisão alta trucida lhe os pensamentos e ecoa para fora de seus ouvidos. O café lhe afoga com seu vício sensual e tenta lhe expulsar fora do corpo o coração palpitante enquanto a noite que caí sobre sua alma lhe cega absurdamente. Do outro lado do rio fantástico louco feito de sangue, lágrimas, pessoas putrefatas moribundas boiando e café existe um espelho contrário, rachado, distorcido que reflete o que existe as costas do jovem que luta contra toda aquela corrente-insanidade do rio louco lisérgico. É sua família que berra, torce, lhe concebe coragem. Mas para ele, visto daquele prisma-espelho ondulante fora de controle só existe caos, dor, crítica, fúria, lixo. Sua família com punhais ensangüentados e vendas negras. Sua mãe segura nas mãos outro espelho que reflete sua imagem como uma barata. Tudo se distorce numa corrente enlouquecida fantasiosa lacrimosa explosiva!
Ele mergulha e ocupa mais espaço em toda matéria aquática sem sentido insana. Dentro daquela massa líquida licorosa espessa ele se transforma em um cadáver que suavemente silencia o inferno externo. Tudo parece belo, harmonioso, sensual. O silêncio sagrado e estranhamente apoteótico. Mas surgem, explodem; gritos. Esbravejam palavras sem sentido que em ressonância líquida aniquilam a paz antes maciça. Tudo é sonoramente explosivo. Um mar de cornetas, tubas e baterias feitas de TNT, sinos e gongos chineses que ondulantemente desmaterializam tudo aquilo.
E toda matéria, espaço, existência morre, desaparece numa grande queda livre. Fim da linha. O final dos tempos, espaços, espasmos, ejaculações e loucuras. Mas como um milagre religiosamente belo e intenso ou uma concessão telepática de Deus o jovem se torna um pequeno pássaro que escapa alçando vôo fora daquela infinita cachoeira do fim de tudo e nada e nada e tudo novamente. O número zero. E naquele vôo insano fantástico ele se livra de tudo. Passeando por um céu de notas improvisadamente musicais. Enxergando os quilômetros infinitos de distâncias inexistentes entre colunas greco-romanicamente formadas pelas montanhas verdes e vivas como monges zen-budistas a meditar com suas cabecinhas brancas nevadas e fervilhantes. E todos os pássaros, apenas um ou somente o céu azul em ebulição febril com suas nuvenzinhas imaculadamente brancas como os trilhos infinitos recém-desvirginados por trens são o jovem, que nesse exato momento descansa sobre as pedras, disforme, salpicado pela saliva da natureza e confortavelmente regido pela sonora e responsável melodia das águas.
Mas ele não consegue e caí dentro daquele café negro enlouquecido flamejante enfurecido. A corrente preta não lhe permite alcançar o outro lado do rio. A televisão alta trucida lhe os pensamentos e ecoa para fora de seus ouvidos. O café lhe afoga com seu vício sensual e tenta lhe expulsar fora do corpo o coração palpitante enquanto a noite que caí sobre sua alma lhe cega absurdamente. Do outro lado do rio fantástico louco feito de sangue, lágrimas, pessoas putrefatas moribundas boiando e café existe um espelho contrário, rachado, distorcido que reflete o que existe as costas do jovem que luta contra toda aquela corrente-insanidade do rio louco lisérgico. É sua família que berra, torce, lhe concebe coragem. Mas para ele, visto daquele prisma-espelho ondulante fora de controle só existe caos, dor, crítica, fúria, lixo. Sua família com punhais ensangüentados e vendas negras. Sua mãe segura nas mãos outro espelho que reflete sua imagem como uma barata. Tudo se distorce numa corrente enlouquecida fantasiosa lacrimosa explosiva!
Ele mergulha e ocupa mais espaço em toda matéria aquática sem sentido insana. Dentro daquela massa líquida licorosa espessa ele se transforma em um cadáver que suavemente silencia o inferno externo. Tudo parece belo, harmonioso, sensual. O silêncio sagrado e estranhamente apoteótico. Mas surgem, explodem; gritos. Esbravejam palavras sem sentido que em ressonância líquida aniquilam a paz antes maciça. Tudo é sonoramente explosivo. Um mar de cornetas, tubas e baterias feitas de TNT, sinos e gongos chineses que ondulantemente desmaterializam tudo aquilo.
E toda matéria, espaço, existência morre, desaparece numa grande queda livre. Fim da linha. O final dos tempos, espaços, espasmos, ejaculações e loucuras. Mas como um milagre religiosamente belo e intenso ou uma concessão telepática de Deus o jovem se torna um pequeno pássaro que escapa alçando vôo fora daquela infinita cachoeira do fim de tudo e nada e nada e tudo novamente. O número zero. E naquele vôo insano fantástico ele se livra de tudo. Passeando por um céu de notas improvisadamente musicais. Enxergando os quilômetros infinitos de distâncias inexistentes entre colunas greco-romanicamente formadas pelas montanhas verdes e vivas como monges zen-budistas a meditar com suas cabecinhas brancas nevadas e fervilhantes. E todos os pássaros, apenas um ou somente o céu azul em ebulição febril com suas nuvenzinhas imaculadamente brancas como os trilhos infinitos recém-desvirginados por trens são o jovem, que nesse exato momento descansa sobre as pedras, disforme, salpicado pela saliva da natureza e confortavelmente regido pela sonora e responsável melodia das águas.
domingo, 12 de agosto de 2007
Odisséia rabiscada
Que noite loucas foram aquelas. Cheias de cerveja, cigarros e lembranças dos tempos de infância com velhos amigos. Eu enchendo o copo sem parar indo num espírito num nível de consciência imbecil para beber. Me sentindo bem sacando as pessoas sendo hip paca. Colocando óculos escuros acendendo cigarros e gastando meu cérebro e coração com as pessoas. Meus amigos num blá blá blá frenético sobre idas insanas pelos lugares desconhecidos por nós nesse continente imenso. Litoral, Andes, flertando com o Pacífico e a merda toda. Umas garotas interessantemente belas mas sem nenhum rastro de inteligência ou beatitude. Fumando seus baseados com seus amigos que não devo criticar ou avaliar ou que seja. De fato avalio tudo e todos e na maioria das vezes negativamente mas cansei de pensar sobre isso no momento. Um papo curto “A é?” “Você vai aonde?” “O que você faz?” Tudo uma grande perda de tempo (falta de saco). O que eu faço? Porra, eu também me pergunto. Mas não respondi dessa forma exatamente. Toda vez que me sujeitava a essa pergunta (sendo que sempre quem perguntava era eu ansioso para alguma resposta REALMENTE interessante) eu pensava em rápidos e infinitos segundos-minutos-sei lá mentais e dizia que procurava emprego e era escritor. Passei a droga da noite me gabando de ser escritor. Bancando o hip. O beato louco dos bares e ruas da capital. Alimentando meu ego gordo e maluco. E ninguém realmente se interessava por esse papo. Devem pensar sobre danbrown-paulocoelho-livrinhodetiqueta. Uma garota loira linda com olhos maravilhosamente sensacionais que bati um papo legal e sério. Ela não parava de sorrir e dizer que eu fazia umas caras sérias quando estava ouvindo ela. Eu imbecil adolescente tentando me explicar que gostei dela. Pow! Chute no saco & de cara na parede, na parede louca dos casais jovens pichada com corações e borrifada de odores santificados e essencialmente humanos. Ela me apresenta umas amigas do gênero dela. O papo não flui mais por puro desinteresse meu. Me sinto um completo idiota quando consigo uma das amigas com um papinho gênero Marlon Brando e acordando no outro dia puto por ter feito isso e ter bancado o jovenzinho moderno que agarra o que vier totalmente sem sentido sensibilidade ou espontaneidade. Meus amigos chegam e me tiram daqueles beijos. Outra festa está rolando. Eu saio sem nem saber o nome dela nem ela o meu e me sinto (na hora) o cara mais legal e bacana do lugar. O escritor e coisa e tal e ela provavelmente nunca se lembrará de mim quando voltar para casa quentinha na cama e dormindo pesado com sonhos etílicos. Vamos para uma festa enorme e realmente sem graça pra mim. Chego com o estômago-corpo-tudo! recheado de cerveja e me sinto mal. Logo de cara derrubo dois cachorros-quentes de 3 reais (e sinceramente, não valiam tudo isso) goela abaixo e deixo eles velejarem naquele suco ácido flamejante ondulante. Passo a me sentir melhor e a festa parece ainda mais congestionada. Volto no carro do meu amigo para buscar minha jaqueta-jeans e fecho apenas um botão e coloco as mãos nos bolsos agradáveis e quentinhos dela. Meus amigos já estão torrando grana em vodcas e cervejas e andando por aí todos juntos enquanto eu os sigo cervejando. Faço uma dança louca indígena com passos de bop e rock ‘n’ roll e me divirto totalmente fora de controle. Me recomponho e dou uma volta com um amigo. Checamos as garotas e pensamos nas maneiras e aproximações que devem ser feitas. O que na verdade não deve ser feito a partir do momento do o que importa realmente para algumas é toda a espontaneidade da coisa. Eu novamente encarno o espírito adolescente-bêbado-lunático e assumo um personagem vivo cheio de estilo sotaque meio britânico e tudo. O papo flui mas não dá em nada. Conversamos com uma garota branca linda olhos azuis morena linda. Ela se interessa pelo papo e eu me sinto péssimo por estar mentindo e sendo imbecil com a provável garota mais linda hip e interessante da festa. As amigas dela se vêem meio excluídas e resolvem pular fora tirando ela da onda. Me sinto aliviado por poder parar com a coisa toda e rodamos mais um pouco cervejantemente. Resolvo dar um role sozinho mesmo e vejo umas duas garotas com pinta de inteligência afastadas daquele som horroroso que mutilava minha alma. Chego (de óculos escuros) e introduzo com um “Então...” seguido de um silêncio tímido e infantil e elas acham maior graça e o papo solta bem. Baixinhas tão pequenas e bonitinhas e eu lá cervejando me gabando escritor alto meio grandão de óculos escuro. Totalmente fora dos padrões cults-imbecis-armazémdobrás e tal. E tudo dá em merda. Me afogo nos papos novamente. Elas me alvejam com um lance de esperar o namorado e finalmente chegam os tais caras. Me sinto mal por não saber o que dizer para eles e por não ter nenhum motivo aparente (para eles) de estar ali. Por sorte eu sabia quem um dos dois era pois ele estudou no mesmo colégio que eu e era um puta violonista sensacional do Clube do Choro gênero Baden Powell. Disse isso e pulei fora cansado. Rodei pela festa meio tropeçando. Sozinho. O louco para todos. Um cara vestido totalmente diferente dos outros com uma “barba esquisita” (de acordo com uma garota) esbarrando tropeçando vagando sozinho e vagabundamente por aí como um maluco ou alguém louco de ácido ou algo qualquer. E eu me sentia o cara mais bacana. Os sapatos loucos cheios de bop. Acabei encontrando a morena linda maravilhosa hip sensacional de novo e ela me deu um aceno com aquelas mãozinhas brancas bonitinhas. Retribui e passei por ela mas logo depois voltei e a puxei pelo braço sem dizer uma palavra para não denunciar minha mentira. E cara, quando se chama uma garota para um papo particular fica evidente que se quer algo. E ela podia ter sido minha aquela noite pois ela realmente me seguiu de mãos dadas para o tal papo. Mas eu não agüentava mentir nesse nível para ela. Comecei gaguejando e disse “Bom...ééé...” aí ela deu um pulo insano de gato e disse “Eu sabia! Eu sabia que você estava mentindo” e disse isso até de uma maneira divertida sorrindo. Pedi mil desculpas e ela achou por um momento que eu sempre dizia isso para todas depois de mentir, como se fosse um processo meio máquina-de-aproximação-louca gênero Aldous Huxley. Mas não era verdade e provei para ela que estava errada. Bom, eu fui um idiota por completo (ela disse isso e eu tinha de concordar) mas tudo acabou meio bem por um lado. Passei o resto da noite meio deprimido isso graças a volta à realidade ou a volta de certos níveis mentais e de espírito pela a ausência de álcool. Acabei indo dormir no carro enquanto um casal lunático se amava loucamente encostados no vidro. Chegando em casa com frio e sono ainda tive que pular o muro e deitar de jeans na cama. Acordei cheio de pensamentos negativos dos meus atos e agora estou aqui contando eles para você que nem mesmo conheço ou que seja. Bom e é aqui que ela acaba por enquanto.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Auto-fecundação ou Certidão de Óbito do Escritor
A banda, as letras borradas pelo café. O cigarro quebrado e os dentes marcados. Os pés calejados cheios de energia e fé. Todos os ruídos, gemidos & suplícios geraram a megalomania. Que lhe diz “Você se cansou da orgia”.
Maldição. Como minha consciência está tão perdida e fora de controle. Chamo o pássaro enlouquecido do bop para me largar no chão; criando alguma razão.
Alucinação. Ejaculação. Improvisação!
Oh não!
Ok, ok. Dane-se. Onde eu quero chegar é o seguinte. Bom, quer saber? Esqueça. Nem eu mesmo sei.
Maldição. Como minha consciência está tão perdida e fora de controle. Chamo o pássaro enlouquecido do bop para me largar no chão; criando alguma razão.
Alucinação. Ejaculação. Improvisação!
Oh não!
Ok, ok. Dane-se. Onde eu quero chegar é o seguinte. Bom, quer saber? Esqueça. Nem eu mesmo sei.
domingo, 29 de julho de 2007
Manifesto Blues
Sentado de frente para uma tela brilhante eu escuto T-Bone Walker dizendo-me “eles chamam segunda tempestuosa, mas terça é tão ruim quanto”. E sinto todo o azul fascinante me engolir e acabo como um negro louco sentado na varanda com um violão e uma gaita suja, feelin’ the blues. Logo depois um grande amigo chamado Albert King me diz que eu nasci debaixo de um sinal de azar. Eu vibro. Como suas cordas insanas que fazem todos dançarem. Mais um gole da cerveja que já se encontra quente. Mais uma baforada fétida do cigarro amassado. Espero por algo. Mas não sei o que é. Talvez alguma pessoa interessante para bater um papo ou uma música que me faça enlouquecer por completo. Ou então as ruas infinitas que chamam meu nome enquanto meu sapato implora por atrito. Somos os vagabundos dos sapatos masoquistas e loucos. Os sapatos que exigem serem gastos! E durante toda essa bobagem que lhes digo, agudos das guitarras alucinadas vibram. Quanta loucura. Os baixos fazem desenhos singulares, a bateria espanca nossos ouvidos de forma suave, a cerveja escorrega pela garganta, a fumaça alivia o corpo. Essa é a minha vida. Quanta loucura. Mas nada existe. Eu não sou o bluesman. Eu não sou o escritor. Eu sou apenas um jovem em apuros. Apuros que eu mesmo crio e que me deixo sofrer. O ser mais masoquista enlouquecido é o jovem. Young man blues! E por isso imploro, junto com B.B. King. “Rock me baby, rock me all night long”. Ah, dane-se. Escrevo para não pirar de vez, como dizia Bukowski e tantos outros. Viva!
(Tudo é genial, quando se tem espírito)
(Tudo é genial, quando se tem espírito)
sábado, 21 de julho de 2007
O vagabundo & a gaita pt. 2
Sai daquela velha cidade desolada e fui de encontro as estradas infinitas e rápidas, como veias sanguíneas. Meus pés finalmente experimentaram o que as notas da gaita do velho J. falavam sobre. O asfalto e o sapato se misturaram e se transformaram em som. Corria como Jesse Owens fugindo de Hitler e de todos os membros do KKK. Tap, tap, tap. O sapato batia, discretamente e o chacoalhar da velha mochila improvisava. Subitamente um carro zuniu pelo o vento e eu senti todo o poder daqueles velhos caminhos. Eu era uma nova pessoa, mesmo com sapatos pouco mastigados pelo asfalto.
Continuei meu caminho enquanto ouvia o vento uivando e as montanhas pesadas e exageradas me davam olhares cortantes e furiosos. Eu não tinha medo. Eu era jovem e tinha pernas feitas para correr mais do que um trem enlouquecido. Depois de alguns poucos quilômetros encontrei um pequeno bar de estrada.
Entrei de forma altiva, como um velho lobo das estradas. Ninguém ligou. Todos viviam suas vidas e bebiam tranquilamente suas cervejas. Sentei no balcão e conversei com o garçom. Ele com seus óculos e rugas demonstrava experiência e bondade. Conversamos um pouco e ele perguntou se eu ia beber algo. Pedi por um uísque sem gelo e em poucos segundos já dava minha primeira golada. Ele me contou histórias, eu lhe contei histórias e o uísque me cutucou o cérebro e acendeu uma idéia. Primeiro era que gostaria muito de um cigarro e a outra era que eu necessitava de um mapa. Pedi por ambos para o velho e amável garçom que me cedeu um cigarro amassado que mantinha naquelas orelhas maltratadas e idosas. Deu um grito poderoso chamando algum cliente e algum tempo depois via um cara com uma blusa de botão quadriculada e enorme. Abriu sua boca tristonha e gigantesca e fez seus bigodes longos se moverem perguntando o que o garçom queria. Ele nos apresentou sem muita cordialidade e disse que eu precisava de um mapa. O bigode imenso saiu vagarosamente fazendo sinal que deveríamos esperar. O garçom disse que ele provavelmente iria ao seu velho caminhão tão enorme quanto ele para procurar algum mapa adjacente. Ele voltou apenas com uma garrafa de gim na mão e fez um sinal negativo. Bom, teria que seguir a favor do vento, sem qualquer direção. Seguiria as instruções do velho J. Descer o rio M. pela estrada ## até a primeira cidade grande. Perguntei para o caminhoneiro gordo qual era a próxima cidade. E ele me respondeu resmungando que era N.
Então, abaixe-me e peguei a mochila. Agradeci e dei adeus ao velho garçom que me concedeu um sorriso como resposta. Abri a porta surrada do bar e continuei meu caminho, indo de encontro com o vento que soprava nos meus ouvidos querendo brincar com a gaita do velho J. Tirei-a do bolso e toquei junto com o vento algumas poucas notas. Meu primeiro improviso com um convidado ilustre. Fascinante.
Continuei meu caminho enquanto ouvia o vento uivando e as montanhas pesadas e exageradas me davam olhares cortantes e furiosos. Eu não tinha medo. Eu era jovem e tinha pernas feitas para correr mais do que um trem enlouquecido. Depois de alguns poucos quilômetros encontrei um pequeno bar de estrada.
Entrei de forma altiva, como um velho lobo das estradas. Ninguém ligou. Todos viviam suas vidas e bebiam tranquilamente suas cervejas. Sentei no balcão e conversei com o garçom. Ele com seus óculos e rugas demonstrava experiência e bondade. Conversamos um pouco e ele perguntou se eu ia beber algo. Pedi por um uísque sem gelo e em poucos segundos já dava minha primeira golada. Ele me contou histórias, eu lhe contei histórias e o uísque me cutucou o cérebro e acendeu uma idéia. Primeiro era que gostaria muito de um cigarro e a outra era que eu necessitava de um mapa. Pedi por ambos para o velho e amável garçom que me cedeu um cigarro amassado que mantinha naquelas orelhas maltratadas e idosas. Deu um grito poderoso chamando algum cliente e algum tempo depois via um cara com uma blusa de botão quadriculada e enorme. Abriu sua boca tristonha e gigantesca e fez seus bigodes longos se moverem perguntando o que o garçom queria. Ele nos apresentou sem muita cordialidade e disse que eu precisava de um mapa. O bigode imenso saiu vagarosamente fazendo sinal que deveríamos esperar. O garçom disse que ele provavelmente iria ao seu velho caminhão tão enorme quanto ele para procurar algum mapa adjacente. Ele voltou apenas com uma garrafa de gim na mão e fez um sinal negativo. Bom, teria que seguir a favor do vento, sem qualquer direção. Seguiria as instruções do velho J. Descer o rio M. pela estrada ## até a primeira cidade grande. Perguntei para o caminhoneiro gordo qual era a próxima cidade. E ele me respondeu resmungando que era N.
Então, abaixe-me e peguei a mochila. Agradeci e dei adeus ao velho garçom que me concedeu um sorriso como resposta. Abri a porta surrada do bar e continuei meu caminho, indo de encontro com o vento que soprava nos meus ouvidos querendo brincar com a gaita do velho J. Tirei-a do bolso e toquei junto com o vento algumas poucas notas. Meu primeiro improviso com um convidado ilustre. Fascinante.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Manifesto da merda pisoteada & confusa
Sou só mais um personagem nesse mundo insano. Como uma pessoa feita dos retalhos mentais do escritor feito de pijama, roupão e cabelo sujo.
Eu não sou o rapaz responsável, visionário, maduro & sensual que vocês enxergam.
Vocês com suas vozinhas navegando em palavras gentis e sensualmente recíprocas só alimentam esse personagem que na verdade não existe em lugar algum.
Não sou ninguém nem o nada. Sou apenas um jovem com um gato no colo, digitando com frio num computador branco e velho.
Sou apenas um palhaço que engole álcool em chamas no circo da vida. Exalando fumaça com produtos que matam baratas e ratos pelas narinas, como um trem pronto para se chocar com tantos outros.
Mas eu não me importo. Deixo-me dançar sobre o paraíso enlouquecido, tropeçando nos buracos ainda não preenchidos com ruídos agradáveis de bop.
Bang! Ah... Foda-se.
Eu não sou o rapaz responsável, visionário, maduro & sensual que vocês enxergam.
Vocês com suas vozinhas navegando em palavras gentis e sensualmente recíprocas só alimentam esse personagem que na verdade não existe em lugar algum.
Não sou ninguém nem o nada. Sou apenas um jovem com um gato no colo, digitando com frio num computador branco e velho.
Sou apenas um palhaço que engole álcool em chamas no circo da vida. Exalando fumaça com produtos que matam baratas e ratos pelas narinas, como um trem pronto para se chocar com tantos outros.
Mas eu não me importo. Deixo-me dançar sobre o paraíso enlouquecido, tropeçando nos buracos ainda não preenchidos com ruídos agradáveis de bop.
Bang! Ah... Foda-se.
O vagabundo & a gaita pt. 1
Nessa época eu era muito mais jovem e possuía uma mente fumegante e ativa, que diferente de hoje, está totalmente liquidada das noites incessantes e pesadas dos velhos tempos. Bom, que se dane. Chega de rodeios. Essa é a história da viagem dos seus sonhos.
Eu era um garoto naquele tempo. Consumava meu décimo-nono ano de vida quando uma música azul explodiu dentro da minha cabeça. Ficava atordoado de início, porém com tempo fui-me acostumando e logo me viciei. Eu era um dos poucos jovens brancos do interior que não concordava com a velha opinião do velho pai. Ele me alertava furiosamente e dizia: “Pare de escutar essas músicas de preto, garoto. Amanhã vamos à igreja e você vai se confessar!” E de fato íamos, porém sempre dava um jeito de fugir. Ou então subornava o padre atrás das simples imagens de Cristo com um cigarro. Era um bom moço, aquele padre. Ele sabia das coisas e com certeza devia saber que Deus não se preocupava com o que eu escutava, pois se Ele tem ouvidos, então provavelmente Ele escuta o mesmo quando chora pelos nossos graves erros.
Morávamos num casebre medíocre feito da madeira que meu pai se matou a vida inteira para comprar. Era um bom velho, mesmo que tradicional e confiante demais. Já eu, não estudei e por isso possuía dois trabalhos. De manhã trabalhava com o meu velho em sua fazenda e durante a noite, pulando a janela do meu quarto, lavava pratos no bar próximo. E foi lá que conheci o velho J. com sua gaita surrada e barulhenta. Ele estava lá sempre, sentado naquela caixa fodida e mofada de cerveja. Cantando e tocando, enlouquecidamente. Era um grande cara, com cicatrizes e dores no rabo. Vivia recebendo botinas do dono do bar, que o odiava. Talvez por ser doido ou talvez por ser preto. Só sei que toda noite, quando as garotas tão esquecidas e acabadas como o velho J. e os copos estraçalhados e secos no chão ou no balcão já descansavam, eu me juntava a ele e simplesmente ouvia.
Então um dia, ele simplesmente sumiu. A caixa marginal e suja estava vazia na madrugada uivante. Perguntei para o dono do bar & meu chefe, das botinas imensas e violentas sobre o velho J. e ele me respondeu: “Aquele preto escroto? Estou pouco me importando para aquele rabo nojento. Se bem que eu já sinto saudade de dar uns belos chutes naquele traseiro... Alias, ele deixou algo de lembrança, algo para que sempre lembremos daquele filho da puta. Que grande filho da puta. Ele deixou aquele maldito instrumento estúpido dele jogado no banheiro, ACREDITA NISSO? Ele não sabe ir em lugar nenhum sem cagar a vida dos outros! Que grande...” Deixei o porco de botinas a recitar poesia e corri para o banheiro.
E lá estava a velha gaita, com mijo e moscas voando por cima. Tirei a jaqueta e a embrulhei levando-a para casa. Entrei discretamente pela janela e liguei a luz do quarto. Roubei uma toalha do banheiro e um perfume antigo de meu pai e fiz o velho instrumento voltar ao que era antes. Enquanto passava a fina toalha por dentro encontrei um bilhete discreto & escrito em um papel higiênico. Eram as últimas poucas palavras do velho J. para mim, que apenas dizia: “Eu sinto seu sangue pulsando! Desça o rio M. e vá pela estrada ## e vá viver a vida, garoto”.
Então na mesma noite deixei 50 mangos em cima da mesa do meu velho pai e comprei minha liberdade. Juntei o que tinha e coloquei a velha gaita no bolso do jeans. Ainda era noite. Corri para aquecer o corpo. Eu não tinha nada a perder.
Eu era um garoto naquele tempo. Consumava meu décimo-nono ano de vida quando uma música azul explodiu dentro da minha cabeça. Ficava atordoado de início, porém com tempo fui-me acostumando e logo me viciei. Eu era um dos poucos jovens brancos do interior que não concordava com a velha opinião do velho pai. Ele me alertava furiosamente e dizia: “Pare de escutar essas músicas de preto, garoto. Amanhã vamos à igreja e você vai se confessar!” E de fato íamos, porém sempre dava um jeito de fugir. Ou então subornava o padre atrás das simples imagens de Cristo com um cigarro. Era um bom moço, aquele padre. Ele sabia das coisas e com certeza devia saber que Deus não se preocupava com o que eu escutava, pois se Ele tem ouvidos, então provavelmente Ele escuta o mesmo quando chora pelos nossos graves erros.
Morávamos num casebre medíocre feito da madeira que meu pai se matou a vida inteira para comprar. Era um bom velho, mesmo que tradicional e confiante demais. Já eu, não estudei e por isso possuía dois trabalhos. De manhã trabalhava com o meu velho em sua fazenda e durante a noite, pulando a janela do meu quarto, lavava pratos no bar próximo. E foi lá que conheci o velho J. com sua gaita surrada e barulhenta. Ele estava lá sempre, sentado naquela caixa fodida e mofada de cerveja. Cantando e tocando, enlouquecidamente. Era um grande cara, com cicatrizes e dores no rabo. Vivia recebendo botinas do dono do bar, que o odiava. Talvez por ser doido ou talvez por ser preto. Só sei que toda noite, quando as garotas tão esquecidas e acabadas como o velho J. e os copos estraçalhados e secos no chão ou no balcão já descansavam, eu me juntava a ele e simplesmente ouvia.
Então um dia, ele simplesmente sumiu. A caixa marginal e suja estava vazia na madrugada uivante. Perguntei para o dono do bar & meu chefe, das botinas imensas e violentas sobre o velho J. e ele me respondeu: “Aquele preto escroto? Estou pouco me importando para aquele rabo nojento. Se bem que eu já sinto saudade de dar uns belos chutes naquele traseiro... Alias, ele deixou algo de lembrança, algo para que sempre lembremos daquele filho da puta. Que grande filho da puta. Ele deixou aquele maldito instrumento estúpido dele jogado no banheiro, ACREDITA NISSO? Ele não sabe ir em lugar nenhum sem cagar a vida dos outros! Que grande...” Deixei o porco de botinas a recitar poesia e corri para o banheiro.
E lá estava a velha gaita, com mijo e moscas voando por cima. Tirei a jaqueta e a embrulhei levando-a para casa. Entrei discretamente pela janela e liguei a luz do quarto. Roubei uma toalha do banheiro e um perfume antigo de meu pai e fiz o velho instrumento voltar ao que era antes. Enquanto passava a fina toalha por dentro encontrei um bilhete discreto & escrito em um papel higiênico. Eram as últimas poucas palavras do velho J. para mim, que apenas dizia: “Eu sinto seu sangue pulsando! Desça o rio M. e vá pela estrada ## e vá viver a vida, garoto”.
Então na mesma noite deixei 50 mangos em cima da mesa do meu velho pai e comprei minha liberdade. Juntei o que tinha e coloquei a velha gaita no bolso do jeans. Ainda era noite. Corri para aquecer o corpo. Eu não tinha nada a perder.
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Palavras aleatórias sobre o jazz vivo e pulsante.
Notas músicas. Fluindo como o vinho que mancha agradavelmente nossas mentes e corações. Baixo & bateria passeam graves por aí enquanto os metais ácidos e enlouquecidos praguejam amavelmente sob eles (de forma tão harmoniosa). Poderia ouvir durante a vida e a morte os trompetes e saxofones subirem e descerem de tom me proporcionando sensações sensacionais. Bop, bop, bop! Merda, a música é uma dádiva. É a maior arte que o homem já produziu. Arte pública! Eu, você, seu gato dormindo no seu colo. Todos escutamos. Dos nossos ouvidos vibrantes passeam pelo nosso corpo e de lá partem para outros corpos e depois até o universo, transformando todos os sons num uníssono insano e reverberante. O som eterno. Apenas escute..........
Porém de pouco restara desse som. O ser humano fede, acima de tudo. Miles Davis é o que Deus escuta. Amém!
Porém de pouco restara desse som. O ser humano fede, acima de tudo. Miles Davis é o que Deus escuta. Amém!
terça-feira, 10 de julho de 2007
Meu grande avô
Aqui estou com seu casaco cinza e desbotado
Que me faz sentir tanto sua presença ao meu lado
Porém dele não precisa mais
Assim como seus velhos óculos
Nos quais eram grandes demais
Olhos azuis de pura sabedoria
Que tanto me ensinou
Eu realmente sinto sua falta
Meu grande avô
O ancião de barba
Andando pra lá e pra cá
Lendo jornal até cansar
Indo para o trabalho
De Maverick ou de ônibus
Esperando ansiosamente
O trabalho começar
Mas tudo se foi
E tudo se vai
Eu sinto muito sua falta
Meu grande avô
Lembro-me perfeitamente
De como chutava uma bola
Como se fosse um atacante
Do glorioso América Mineiro
Lembro-me dos cachorros
Que sempre os tratou como filhos
Mesmo que com grandes dentes
E lembro-me de mais coisas
Que para mim eu guardo
Como um vinho envelhecido e quente
E é por sentir sua falta
Que faço tais letras
A fim de te abraçar
Independente onde esteja
Está tudo azul, meu grande avô
Mesmo sentindo tanto sua falta
Seguimos sempre,
naquela luta!
Que me faz sentir tanto sua presença ao meu lado
Porém dele não precisa mais
Assim como seus velhos óculos
Nos quais eram grandes demais
Olhos azuis de pura sabedoria
Que tanto me ensinou
Eu realmente sinto sua falta
Meu grande avô
O ancião de barba
Andando pra lá e pra cá
Lendo jornal até cansar
Indo para o trabalho
De Maverick ou de ônibus
Esperando ansiosamente
O trabalho começar
Mas tudo se foi
E tudo se vai
Eu sinto muito sua falta
Meu grande avô
Lembro-me perfeitamente
De como chutava uma bola
Como se fosse um atacante
Do glorioso América Mineiro
Lembro-me dos cachorros
Que sempre os tratou como filhos
Mesmo que com grandes dentes
E lembro-me de mais coisas
Que para mim eu guardo
Como um vinho envelhecido e quente
E é por sentir sua falta
Que faço tais letras
A fim de te abraçar
Independente onde esteja
Está tudo azul, meu grande avô
Mesmo sentindo tanto sua falta
Seguimos sempre,
naquela luta!
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Eu, Kafka e as Baratas (ou Meu Amigo Franz)
Acordei tarde naquele dia. As recém instaladas cortinas fizeram um trato com Sol para ele não me incomodar. Ainda bem, pois paguei caro por elas, que muito menos novas eram. Levantei de cuecas & meias e olhei para minha cama. Lençóis empoeirados pela esperança cremada e amarrotados por delírios. Tirei a pouca roupa e fui ao banheiro. Vi uma barata e dei-lhe bom dia. Ela saiu correndo. Liguei o chuveiro e deixei a água gelada passear por todo meu corpo. Passei a imaginar um copo de vinho nas mãos. Flertamos & dançamos. Engoli deliciosamente e vi meu cérebro manchado de roxo refletido no azulejo. Quando vi, bebia desenfreadamente a água suja do chuveiro. Tentei cuspir o que restava entre os dentes e praguejei. Desliguei o chuveiro e alcancei a toalha. Sequei-me e passei a me divertir enquanto enrolava a toalha ora como um cachecol, ora como um turbante; sendo um lorde a passear nas ruas de Nova Iorque durante o inverno e um sheik fumando haxixe acompanhado por mil e uma mulheres de cérebros cozidos pelo Sol, tudo ao mesmo tempo. Pousei os olhos na pia e vi que não era nada disso. Morava em um hotel na periferia da capital, convivia com baratas e tinha uma pia verde com restos de barba por toda parte. Mas pelo menos o que tinha era por livre e espontânea vontade. Eu pelo menos achava isso. Achava que dar o fora de casa e ser um escritor com despesas leves era mole. Escreveria contos, beberia e seria famoso entre as jovens mentes fumegantes futuras que influenciei, por ser um grande praça que dava festas insanas. Pois não era. Tudo que tinha agora eram contas, mais baratas e nenhum livro publicado. Quase não via pessoas (e nem me importava) e a única mulher na minha vida era a dona do hotel. Uma viúva enlouquecidamente crente de olhos esbugalhados e cabelos descaradamente tingidos de loiro que não saía do quarto sem antes se afogar em quilos e quilos de pó de arroz. Desprezava-me calorosamente, como se fosse seu filho ingrato e sem futuro. Deveria ter sido pastor, mas ninguém me avisou. Pensei em tudo aquilo enquanto fazia a barba naquela pia verde e peluda. Saí do banheiro completamente nu com a toalha na mão secando os cabelos. Dei de cara com a camareira, que tinha fama de tagarela, que desferiu um grito de espanto e saiu em disparada. Olhei-me no espelho e pensei que provavelmente deveria ser parecido com um bonitão da sua novela favorita. Era isso ou o Lobisomem como veio ao mundo. Fiquei passeando pelo quarto fingindo ser o galã e liguei para recepção, ansioso por um bom uísque. Eu era o moço conceituado e educado. Não serviam bebida. Pedi um café e ainda pensei em me desculpar à mocinha camareira e chamá-la para tomar um drinque comigo, mas eu já estava cansado do papel de mocinho e mandei tudo pro inferno. Contentei-me com o papel de parasita e deitei-me no chão me juntando às baratas. Vi uma de grandes antenas, que mais parecia um velho ancião, e a batizei de Franz. Resolvi escrever uma poesia a Franz e comecei a tecer as palavras na mente. Agora eu era o escritor e... Bom, o resto você já sabe.
segunda-feira, 30 de abril de 2007
Rotina; Nostalgia; Fim (ou começo)
As manhãs eram sempre as mesmas. Um sono breve mergulhado em sonhos loucos. Um despertar furioso e atrasado afogado por goles imensos de um café forte. Banho frio, roupas, escova de dente, creme dental... Tudo sobre os olhos cerrados atentos e luminosos do relógio de pulso; E toda ação desenfreada e insana fez o corpo do jovem esquentar enquanto corria para pegar o maldito ônibus que nunca o deixava fumar totalmente seu primeiro cigarro na manhã. Mais um “Bom dia!” sonolento que não se obteve resposta. “Mais uma manhã igual todas as outras” ele pensou. Sempre as mesmas pessoas, o mesmo motorista e o mesmo barulho estridente da catraca que periodicamente mastigavam seus ouvidos. Segue a vida na capital no vai e vem das pessoas nos ônibus cansados e enferrujados e dando uma boa espiada na janela se pode ver os seres feitos de panos e gravatas em seus automóveis dourados e novos passando lentamente nos olhos cansados do garoto. Tão fartos de tudo aquilo que nem ele mais se reconhecia como jovem. Maior idade alcançada, e quanta energia gasta em preocupações e desejos existenciais. Seus amigos de anos já freqüentam a universidade, dirigem os carros dos pais e vão aos bares universitários durante a semana. E você? Cursinho pré-vestibular, reprovação na auto-escola e somente passes de ônibus na carteira. A sociedade te expulsou como um andarilho que entra num restaurante chique pedindo apenas um copo d’água e agora você tenta se integrar novamente. “Estude que você consegue!” Diziam pais, amigos e professores. E foi o que ele fez. Entrou para um cursinho onde só conheceu vestibulandos enlouquecidos em serem como seus pais feitos de panos, gravatas e carros zero, professores desiludidos com suas vidas e ideais e pobres moças negras com duzentos braços que limpavam sem parar banheiros, pisos e escadas. Prosseguiu mesmo assim, carregando sua desilusão. Vieram os fins-de-semana e os amigos sedentos por prostitutas. Vieram litros e litros de uísque barato acompanhados de caneta e papel onde ele desesperadamente tentava entender sua tristeza com o mundo. Pouco lhe interessavam as garotas, as festas e as conversas debruçadas na mesa da cozinha com seus pais durante o almoço. E pra onde fora sua felicidade de infância? Talvez se fora com seus últimos pulos e piruetas de garoto. Ou fora quando viu que era necessário nesse mundo, uma função única e retilínea para que tudo funcione da mesma maneira (e como todos tentavam realmente seguir esse padrão e ser alguma coisa para suas mentes). A falta de um sentido para tudo aquilo lhe fez procurar. Assim, esqueceu suas apostilas e identidades do cursinho no banco do ônibus e desceu no ponto mais próximo. Desceu e apenas correu e correu. E sorrindo sem motivo continuou a correr, sumindo entre os prédios cinzentos e as buzinas. E para muitos, o garoto morreu. Talvez fora atropelado, seqüestrado, morto ao reagir a um assalto ou qualquer paranóia urbana que qualquer um é submetido a ter e obedecer. Enquanto isso o seu antigo cursinho pré-vestibular levantava um outdoor no centro da cidade com sua imagem e o transformava em propaganda.
terça-feira, 24 de abril de 2007
O assassinato da inspiração
A inspiração e toda vontade de continuar acabou. Foram consumidas pelas repentinas responsabilidades necessárias da vida e mastigadas pelo tédio. As linhas não surgem e o ódio retalha e queima meus pensamentos impressos por canetas no papel. Virei um ortodoxo literário, preocupado com cada parágrafo e com toda sua espontaneidade. Talvez nunca houvera espontaneidade, só um desejo forçado de escrever como meus mestres enlouquecidos. Mas eu sou só mais um (e talvez eles também). Nunca fui e nunca serei o que minha mente sussurrava nos vazios do meu crânio. Acreditei demais nos elogios da infância e nos devaneios da juventude. Que assim seja... Talvez eu seja só um poeta insano para mim mesmo e acho que isso já basta para meu ego enfurecido. Ou talvez a poesia seja a cerveja quente do bar que desce de maneira desconfortável, porém alegre para o boêmio. Escritores loucos e tristes como Bandini somos nós. E que sejamos assim, mergulhados em álcool e esperando o fim da nossa geração cretina (conformismo barato).
Mas mesmo eu, com todo meu pessimismo, acredito que um dia, a inspiração venha de súbito, como o satori, e crie algo que realmente valha a pena.
(...) Espero que isso ocorra com você.
Mas mesmo eu, com todo meu pessimismo, acredito que um dia, a inspiração venha de súbito, como o satori, e crie algo que realmente valha a pena.
(...) Espero que isso ocorra com você.
quinta-feira, 8 de março de 2007
Mordida
Eu mordo essa folha medíocre.
Como se tentasse acabar com a minha mente.
Que no momento pulsa!
Quero devorá-la.
Quero calar a boca de todos ao meu redor.
Quero acordar o selvagem.
Quero encontrar a barbárie imersa
nos ecos e entranhas do meu tecido ébrio e putrefato.
Quero arrancar a cabeça dos gatos que correm sem parar entre minhas pernas.
Quero sentir cada nervo, veia e osso romper provando da dor e da tristeza dilacerante.
Tudo isso para que apenas eu seja a pessoa mais solitária...
Ou então para destruir toda essa liberdade que passa ao meu lado.
Para que esses malditos gatos não me façam lembrar de toda energia que tenho.
Para que você, caro leitor, se sinta tão desprezível quanto eu.
Cansei de ser desrespeitado por todos como se minha fúria e dor não fossem algo coerente e devidamente aceito.
Parece que sou um dos poucos que vivem e sentem isso. Pois tudo que recebo são olhares e palavras de reprovação, como se todos mal soubessem do que se trata.
Quero me viciar.
Que eu me torne um doente (se já não sou).
Que aceite e desfrute do meu frenesi diário.
Exergo sangue...Tudo é rubro.
E meu corpo, frio e metálico está oxidado.
Viva a fumaça, a velocidade e a destruição de minha geração.
Não queremos ganhar o jogo...Queremos destruir o tabuleiro!
*(feito no dia 5 de Setembro de 2006)
Como se tentasse acabar com a minha mente.
Que no momento pulsa!
Quero devorá-la.
Quero calar a boca de todos ao meu redor.
Quero acordar o selvagem.
Quero encontrar a barbárie imersa
nos ecos e entranhas do meu tecido ébrio e putrefato.
Quero arrancar a cabeça dos gatos que correm sem parar entre minhas pernas.
Quero sentir cada nervo, veia e osso romper provando da dor e da tristeza dilacerante.
Tudo isso para que apenas eu seja a pessoa mais solitária...
Ou então para destruir toda essa liberdade que passa ao meu lado.
Para que esses malditos gatos não me façam lembrar de toda energia que tenho.
Para que você, caro leitor, se sinta tão desprezível quanto eu.
Cansei de ser desrespeitado por todos como se minha fúria e dor não fossem algo coerente e devidamente aceito.
Parece que sou um dos poucos que vivem e sentem isso. Pois tudo que recebo são olhares e palavras de reprovação, como se todos mal soubessem do que se trata.
Quero me viciar.
Que eu me torne um doente (se já não sou).
Que aceite e desfrute do meu frenesi diário.
Exergo sangue...Tudo é rubro.
E meu corpo, frio e metálico está oxidado.
Viva a fumaça, a velocidade e a destruição de minha geração.
Não queremos ganhar o jogo...Queremos destruir o tabuleiro!
*(feito no dia 5 de Setembro de 2006)
quarta-feira, 7 de março de 2007
ângulos sobre a vida e a cidade; vistas por um jovem aleatório.
Matemática... Só essa palavra me assusta. Não porque eu seja o cara mais rebelde do pedaço ou esteja seguindo padrões de rebeldia imbecis, mas a maneira que toda essa droga é vista na escola, isso sim me enoja!
Bloco O; o ponto de encontro de todos os tipos de babacas do meu colégio, inclusive eu mesmo. Creio que seja o prédio onde mais venta na cidade. Apesar de estar cheio de figuras excêntricas que nunca te deixam em paz, é um lugar bacana para matar o tempo. Se bem que a galera não é tão ruim assim. São idiotas em sua maioria, mas são menos que os do L.V., meu antigo colégio. O H., por exemplo, praticamente todo dia me pede um cigarro e fica com a sua blusa xadrez de lenhador por aí. Sem contar quando ele faz a barba e fica roçando a pança cabeluda dele contra a outra pança da namorada. Mas mesmo assim ele é um cara legal. Até porque ele sempre me chama de “alemão”, o que me agrada muito. E o fato dele ser imbecil não me faz melhor que ele, até porque eu, você e qualquer um parece imbecil quando mostra quem realmente é.
Esse maldito bloco me inspira pra burro. Imagino-me até daqui uns anos vindo aqui e tendo que segurar as folhas do caderno que balançam com o vento para poder escrever. Aqui se sente todo movimento da cidade; toda sua pulsação. A cidade é viva. Geme, flui, corre, esquenta, sopra. Nós somos apenas células medíocres, mas que constroem e mantêm o funcionamento do urbano. Sujamos, limpamos, destruímos, reclamamos... Mas sempre a cidade cresce e todas as células idiotas crescem e se multiplicam como coelhos no cio. A vida é a cidade. Não existe algo mais admirável do que a cidade com todos seus contrastes, velocidades e sons. Ambulâncias, buzinas, ônibus, fumaça, médicos, executivos, estudantes, operários, pessoas gritando “vai pra Rodoviária!” “Me arruma um cigarro?”. Toda essa ação me mantém vivo. São nas ruas que me sinto bem...
As pessoas correm para o trabalho. Umas por necessidade, desde cedo, indo pra lá e pra cá para arrumarem um troco. Outros, por luxo, fazem suas estúpidas caminhadas diárias depois que passam dos quarenta; longe de conhecer a verdadeira face do asfalto e das pessoas que pisam sobre eles. O mais irônico é que são justas essas pessoas que te dizem onde e quando você pode andar por aí!
Bloco O; o ponto de encontro de todos os tipos de babacas do meu colégio, inclusive eu mesmo. Creio que seja o prédio onde mais venta na cidade. Apesar de estar cheio de figuras excêntricas que nunca te deixam em paz, é um lugar bacana para matar o tempo. Se bem que a galera não é tão ruim assim. São idiotas em sua maioria, mas são menos que os do L.V., meu antigo colégio. O H., por exemplo, praticamente todo dia me pede um cigarro e fica com a sua blusa xadrez de lenhador por aí. Sem contar quando ele faz a barba e fica roçando a pança cabeluda dele contra a outra pança da namorada. Mas mesmo assim ele é um cara legal. Até porque ele sempre me chama de “alemão”, o que me agrada muito. E o fato dele ser imbecil não me faz melhor que ele, até porque eu, você e qualquer um parece imbecil quando mostra quem realmente é.
Esse maldito bloco me inspira pra burro. Imagino-me até daqui uns anos vindo aqui e tendo que segurar as folhas do caderno que balançam com o vento para poder escrever. Aqui se sente todo movimento da cidade; toda sua pulsação. A cidade é viva. Geme, flui, corre, esquenta, sopra. Nós somos apenas células medíocres, mas que constroem e mantêm o funcionamento do urbano. Sujamos, limpamos, destruímos, reclamamos... Mas sempre a cidade cresce e todas as células idiotas crescem e se multiplicam como coelhos no cio. A vida é a cidade. Não existe algo mais admirável do que a cidade com todos seus contrastes, velocidades e sons. Ambulâncias, buzinas, ônibus, fumaça, médicos, executivos, estudantes, operários, pessoas gritando “vai pra Rodoviária!” “Me arruma um cigarro?”. Toda essa ação me mantém vivo. São nas ruas que me sinto bem...
As pessoas correm para o trabalho. Umas por necessidade, desde cedo, indo pra lá e pra cá para arrumarem um troco. Outros, por luxo, fazem suas estúpidas caminhadas diárias depois que passam dos quarenta; longe de conhecer a verdadeira face do asfalto e das pessoas que pisam sobre eles. O mais irônico é que são justas essas pessoas que te dizem onde e quando você pode andar por aí!
O Triste Fim de Paulo Clóvis Palerma
- Não, acho que deve ser mais divertido; Mais Bukowskiano... Sim, mais Bukoskiwz... ano...Bu o quê mesmo?! - indagou o editor de gravata borboleta e luzes no cabelo lustroso.
- Certo, senhor. Vou revisar o livro e fazer uns ajustes aqui e ali e...
- Coisa nenhuma, Palerma! Você está fora, entendeu? O-u-t!
- Mas senhor... Eu...
- Mas coisa nenhuma, Palerma... Você é o que nós, cultos editores, chamamos de “escória neo-romântica literária”! O mundo pede algo novo entende? Algo inovador! Não, você não entende. Você é muito antiquado para a minha editora. Afinal, que diabo de escritor lançaria seu livro aos 52 anos? Saia já fora daqui!
Palerma, ao sair cabisbaixo pela porta da editora que lhe fizera sonhar tanto, pensou:
- Talvez ele tenha razão, talvez eu seja muito antiquado... Yolanda sempre dizia isso quando eu lhe contava minhas primeiras aventuras sexuais de meia-idade. Ela sempre dizia “Eu fui a primeira mulher com quem você trepou? Cruzes! Paulo Clóvis, você é muito antiquado!” Mas acho que ela queria dizer tardio ou qualquer coisa que o valha. Ela tinha 62 e me largou pelo piscineiro que já limpava minha piscina há mais de 35 anos.
Palerma sempre fora um fracasso na maioria das coisas que fizera na vida. Seu nome verdadeiro era Paulo Clóvis Palermagiani. Seus amigos o chamavam de PC, por mais que seu único amigo fosse Pirata, seu fox paulistinha perneta de aproximadamente 42 anos; e seus inimigos o chamavam de Palerma, apelido ao qual já se habituara e, por sinal, insistia em encarar de bom grado o fato ser chamado de tal maneira.
Aos 32 anos passou para Jornalismo, Psicologia e Letras, mas acabou encontrando-se fatigado o suficiente para dormir por 5 meses seguidos, sendo jubilado por vagabundagem.
Aos 40, vivendo ainda com sua mãe, tentou a carreira literária. Comprou uma máquina de escrever Remington, 25 tabletes de benzedrina e toda coleção de Kerouac (incluíndo os livros em inglês & francês), Dostoiésvki (em russo idem!) entre outros. Passou um ano e meio trancado no seu quarto e só leu a introdução de Os Irmãos Karamazov, desistindo logo depois desse livro. Escreveu alguns contos sobre sua emocionante vida: quando deu seu primeiro beijo, fumou seu primeiro baseado, bebeu sua primeira cerveja sem álcool e tirou sua carteira de motorista (“tudo isso nessa esplendorosa época dos meus 40 anos” afirmou Palerma). De acordo com o próprio Palerma, ele descobriu, em um ano, a roda, o fogo e a mulher, abrindo as portas para uma nova vida na flor da idade.
Porém, um belo dia, sua Remington triturou Pirata que comia seu dever de casa do cursinho pré-vestibular. Palerma prometeu nunca mais tocar em seus textos e principalmente na maldita máquina de escrever. Do alto de um penhasco à beira da estrada, Palerma praguejou com a Remington na mão: “Que você se espatife lá embaixo e não cause mal a mais ninguém!” Mas quando Palerma ouviu o impacto da máquina, desceu imediatamente do penhasco e viu que ela não só destruira o seu Gurgel, mas que as teclas que voaram para todo lado, também atingiram ferindo mais de 46 ciganos que ali acampavam.
Logo depois do incidente, Palerma decidiu escrever um livro nietzschiano sobre carma e azar em restaurantes mexicanos. E foi ai que se deu mal, para variar, com o editor engomadinho e cult.
Palerma estava cansado e queria dar um basta nisso tudo. Decidiu que ia se jogar de cima do prédio, mas acabou caindo na varanda do seu vizinho que preparava um peru para a noite de Natal, dois andares abaixo. Para a sorte do peru, ele já estava morto. Quanto a Palerma, morreu enterrando sua cabeça os centímetros suficientes para morrer sufucado no peru.
Triste fim para Paulo Clóvis Palerma!
- Certo, senhor. Vou revisar o livro e fazer uns ajustes aqui e ali e...
- Coisa nenhuma, Palerma! Você está fora, entendeu? O-u-t!
- Mas senhor... Eu...
- Mas coisa nenhuma, Palerma... Você é o que nós, cultos editores, chamamos de “escória neo-romântica literária”! O mundo pede algo novo entende? Algo inovador! Não, você não entende. Você é muito antiquado para a minha editora. Afinal, que diabo de escritor lançaria seu livro aos 52 anos? Saia já fora daqui!
Palerma, ao sair cabisbaixo pela porta da editora que lhe fizera sonhar tanto, pensou:
- Talvez ele tenha razão, talvez eu seja muito antiquado... Yolanda sempre dizia isso quando eu lhe contava minhas primeiras aventuras sexuais de meia-idade. Ela sempre dizia “Eu fui a primeira mulher com quem você trepou? Cruzes! Paulo Clóvis, você é muito antiquado!” Mas acho que ela queria dizer tardio ou qualquer coisa que o valha. Ela tinha 62 e me largou pelo piscineiro que já limpava minha piscina há mais de 35 anos.
Palerma sempre fora um fracasso na maioria das coisas que fizera na vida. Seu nome verdadeiro era Paulo Clóvis Palermagiani. Seus amigos o chamavam de PC, por mais que seu único amigo fosse Pirata, seu fox paulistinha perneta de aproximadamente 42 anos; e seus inimigos o chamavam de Palerma, apelido ao qual já se habituara e, por sinal, insistia em encarar de bom grado o fato ser chamado de tal maneira.
Aos 32 anos passou para Jornalismo, Psicologia e Letras, mas acabou encontrando-se fatigado o suficiente para dormir por 5 meses seguidos, sendo jubilado por vagabundagem.
Aos 40, vivendo ainda com sua mãe, tentou a carreira literária. Comprou uma máquina de escrever Remington, 25 tabletes de benzedrina e toda coleção de Kerouac (incluíndo os livros em inglês & francês), Dostoiésvki (em russo idem!) entre outros. Passou um ano e meio trancado no seu quarto e só leu a introdução de Os Irmãos Karamazov, desistindo logo depois desse livro. Escreveu alguns contos sobre sua emocionante vida: quando deu seu primeiro beijo, fumou seu primeiro baseado, bebeu sua primeira cerveja sem álcool e tirou sua carteira de motorista (“tudo isso nessa esplendorosa época dos meus 40 anos” afirmou Palerma). De acordo com o próprio Palerma, ele descobriu, em um ano, a roda, o fogo e a mulher, abrindo as portas para uma nova vida na flor da idade.
Porém, um belo dia, sua Remington triturou Pirata que comia seu dever de casa do cursinho pré-vestibular. Palerma prometeu nunca mais tocar em seus textos e principalmente na maldita máquina de escrever. Do alto de um penhasco à beira da estrada, Palerma praguejou com a Remington na mão: “Que você se espatife lá embaixo e não cause mal a mais ninguém!” Mas quando Palerma ouviu o impacto da máquina, desceu imediatamente do penhasco e viu que ela não só destruira o seu Gurgel, mas que as teclas que voaram para todo lado, também atingiram ferindo mais de 46 ciganos que ali acampavam.
Logo depois do incidente, Palerma decidiu escrever um livro nietzschiano sobre carma e azar em restaurantes mexicanos. E foi ai que se deu mal, para variar, com o editor engomadinho e cult.
Palerma estava cansado e queria dar um basta nisso tudo. Decidiu que ia se jogar de cima do prédio, mas acabou caindo na varanda do seu vizinho que preparava um peru para a noite de Natal, dois andares abaixo. Para a sorte do peru, ele já estava morto. Quanto a Palerma, morreu enterrando sua cabeça os centímetros suficientes para morrer sufucado no peru.
Triste fim para Paulo Clóvis Palerma!
Comtemplação
Era mais fácil quando tudo era uma parede ao meu lado. Quando você era só a garçonete de Manet e eu apenas sonhava com seus traços e contornos.
Passam-se meses, sonhos, meses, lamúrias...meses, dias, dias, dias. Você aparece, nasce para mim e para minhas suíças mal feitas e mal barbeadas. E logo me vejo a dormir ao seu lado e te amar como nunca amei outra pessoa.
E passam-se dias, dias, dias...semanas (com você); Mal sinto falta da nicotina e do gin diários.
Até que surgem novos fatos. Descubro que, ingenuamente, um quadro nunca foi e nunca será só meu. Um quadro, sempre foi e sempre será uma obra de arte invejada e desejada por todos os cafetões gigolôs empresários grâ-finos e intelectuais desse mundo medíocre. Uma súplica lacrimogênica do poeta beat. Gás lacrimogêneo e spray de pimenta nos olhos jovens e sonhadores do revolucionário ancião das ruas de cascalho, petróleo, lixo e cães do meu & seu mundo.
Um sopro de liberdade, seguido do trago de gin ou da fumaça dilacerante do haxixe. Alucinado mundo novo, Huxley quis dizer. Um mundo sujo onde o jovem tenta respirar liberdade mas é espiado pelo policial ou pelo padre na esquina.
Andando roto e arrastando o pé uma velha senhora diz: "Deus o abençoe, garoto." O jovem nunca respeitou tanto alguém após receber tal gesto dos mais sinceros e ternos. Talvez a senhora fosse como o jovem e ele como eu e você.
Passam-se meses, sonhos, meses, lamúrias...meses, dias, dias, dias. Você aparece, nasce para mim e para minhas suíças mal feitas e mal barbeadas. E logo me vejo a dormir ao seu lado e te amar como nunca amei outra pessoa.
E passam-se dias, dias, dias...semanas (com você); Mal sinto falta da nicotina e do gin diários.
Até que surgem novos fatos. Descubro que, ingenuamente, um quadro nunca foi e nunca será só meu. Um quadro, sempre foi e sempre será uma obra de arte invejada e desejada por todos os cafetões gigolôs empresários grâ-finos e intelectuais desse mundo medíocre. Uma súplica lacrimogênica do poeta beat. Gás lacrimogêneo e spray de pimenta nos olhos jovens e sonhadores do revolucionário ancião das ruas de cascalho, petróleo, lixo e cães do meu & seu mundo.
Um sopro de liberdade, seguido do trago de gin ou da fumaça dilacerante do haxixe. Alucinado mundo novo, Huxley quis dizer. Um mundo sujo onde o jovem tenta respirar liberdade mas é espiado pelo policial ou pelo padre na esquina.
Andando roto e arrastando o pé uma velha senhora diz: "Deus o abençoe, garoto." O jovem nunca respeitou tanto alguém após receber tal gesto dos mais sinceros e ternos. Talvez a senhora fosse como o jovem e ele como eu e você.
Letras & Gin (...e vice-versa)
Tome um trago forte de gin (agora!)
Pow! (seco como meu oh, querido cerrado)
Não tenho nada a escrever por enquanto. Me sinto pouco a vontade. Eu, papel, gin e minha caneta burguesa PILOT hi-tecpoint V5 grip, blá blá blá! Outro trago, por favor.
Melhorou. Percorro a caipira e calorenta Cuiabá dos pequis sorrateiramente, arrastando o pé esquerdo pelo asfalto. Ora por embriaguez, ora por causa da merda de um dedo (torcido, quebrado, semi-quebrado ou lá sabe Deus o que tem meu dedo...) Quero alcançar um cigarro perto das minhas roupas amarrotadas e sujas e próximo a minha mala burguesa de rodinhas. Não consigo. Tenho preguiça e tenho dor em todo corpo. Mais um trago como anestesia. Minha rota garrafinha(petaca) de rum carregada de Seagers Gin já foi entornada em minha garganta medíocre. Nada como uma noite boêmia a escrever na quieta (...e quente!) Cuiabá. Nela existe apenas um som fumegante e ébrio. O pensamento regado de gin de um aprendiz da quase extinta poesia beat. Se J.L.K., e que Deus o guarde, foi aprendiz de guarda-freios, eu sou agora iluminado por seu espírito e mergulho em toda sua experiente sabedoria sendo um aprendiz beat. Beatriz, beata! Um brinde a J. e todos os beats poetas empoeirados e rotos das estradas que ligam mentes e mundos. O Universo! Tin-Tin!
(tudo é véu e céu, morte numa cama de hotel...)
Pow! (seco como meu oh, querido cerrado)
Não tenho nada a escrever por enquanto. Me sinto pouco a vontade. Eu, papel, gin e minha caneta burguesa PILOT hi-tecpoint V5 grip, blá blá blá! Outro trago, por favor.
Melhorou. Percorro a caipira e calorenta Cuiabá dos pequis sorrateiramente, arrastando o pé esquerdo pelo asfalto. Ora por embriaguez, ora por causa da merda de um dedo (torcido, quebrado, semi-quebrado ou lá sabe Deus o que tem meu dedo...) Quero alcançar um cigarro perto das minhas roupas amarrotadas e sujas e próximo a minha mala burguesa de rodinhas. Não consigo. Tenho preguiça e tenho dor em todo corpo. Mais um trago como anestesia. Minha rota garrafinha(petaca) de rum carregada de Seagers Gin já foi entornada em minha garganta medíocre. Nada como uma noite boêmia a escrever na quieta (...e quente!) Cuiabá. Nela existe apenas um som fumegante e ébrio. O pensamento regado de gin de um aprendiz da quase extinta poesia beat. Se J.L.K., e que Deus o guarde, foi aprendiz de guarda-freios, eu sou agora iluminado por seu espírito e mergulho em toda sua experiente sabedoria sendo um aprendiz beat. Beatriz, beata! Um brinde a J. e todos os beats poetas empoeirados e rotos das estradas que ligam mentes e mundos. O Universo! Tin-Tin!
(tudo é véu e céu, morte numa cama de hotel...)
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