quinta-feira, 8 de março de 2007

Mordida

Eu mordo essa folha medíocre.
Como se tentasse acabar com a minha mente.
Que no momento pulsa!
Quero devorá-la.
Quero calar a boca de todos ao meu redor.
Quero acordar o selvagem.
Quero encontrar a barbárie imersa
nos ecos e entranhas do meu tecido ébrio e putrefato.
Quero arrancar a cabeça dos gatos que correm sem parar entre minhas pernas.
Quero sentir cada nervo, veia e osso romper provando da dor e da tristeza dilacerante.

Tudo isso para que apenas eu seja a pessoa mais solitária...
Ou então para destruir toda essa liberdade que passa ao meu lado.
Para que esses malditos gatos não me façam lembrar de toda energia que tenho.
Para que você, caro leitor, se sinta tão desprezível quanto eu.

Cansei de ser desrespeitado por todos como se minha fúria e dor não fossem algo coerente e devidamente aceito.
Parece que sou um dos poucos que vivem e sentem isso. Pois tudo que recebo são olhares e palavras de reprovação, como se todos mal soubessem do que se trata.

Quero me viciar.
Que eu me torne um doente (se já não sou).
Que aceite e desfrute do meu frenesi diário.
Exergo sangue...Tudo é rubro.
E meu corpo, frio e metálico está oxidado.

Viva a fumaça, a velocidade e a destruição de minha geração.
Não queremos ganhar o jogo...Queremos destruir o tabuleiro!

*(feito no dia 5 de Setembro de 2006)

4 comentários:

Vinicius disse...

Criativos e elegantes, assim classifico seus textos...

disse...

ótimo, como sempre. Esse sentimento é bom :)

Tell Her No disse...

Muito Bom!!
Como todos os outros. beijos

BrainOrb disse...

Já escutou "I'm only happy when it rains"?
Lembra muito o que vc escreveu.