terça-feira, 7 de abril de 2009

Musas & rotos Poetas.

Musas & rotos Poetas
Não cruzam os dentes
Em inflamados encontros
Dos musicais instantes.

O deslumbre liquida
O ato antes do fechar
Das cortinas do tempo
E da curiosa vida.

Por isso, vos digo;

Criadores, contentem-se
Com a obra, pois não é
Sua origem, divina?
Sua duração, infinita?

Poetas, contentem-se
Com os sonhos ébrios
De sonos mal-dormidos
Com suas musas reprimidas.

A nós, a glória
De jaulas e trovões
E se necessário,
O gosto tenso da dor.

E às musas, o mar
Seu longínquo lar
Repleto de famintas
E ociosas Serpentes!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Sonhei com domingos sagrados

Sonhei com domingos sagrados
De flores e música
O cavaleiro afaga seu cavalo
De madeira, mal-amado

Sonhei com Jesse James
Comendo o gordo gado
De mil latifundiários
Em seus falsos amplos santuários

Sonhei com reis escoceses
De coroas tortas
Imponentes, cetros e
Cerdos de vida-esmeralda

Sonhei com a estrela
Do burgo dourado
De mil pobres sonhos campestres
E um único rei solitário.

Sonhei com o domínio
Da morte sob os fracos
E o trago da vida
Que envolve narinas fiéis

Sonhei com o relógio
Que marca o fim
Dos tempos, que
Dá luz aos novos!

Sonhei com profecias
Vertigens ébrias
De mulheres barbadas
E marinheiros

Sonhei com o grande
Oceano do Norte
E seus mares de agonia
Negra e gélida

Sonhei com a bola do canhão
Que perfura as cordas de
Dez mil marionetes em uniformes
Que explodem cânticos de repressão

Sonhei com o vento do leste
Limpar o ventre vivo de
Mães preocupadas a procura da vida
À conquista do deserto sólido

Sonhei com a liberdade
De balbuciantes estandartes
E girassóis sem plumas
Para lhes esconderem a essência

Sonhei com o fim
De falsos pudores
Mundanos e com o
Livre copular dos campos

Sonhei com a morte
Com a estrada dourada
De centenas de damas solares!
Na brandura branca de meus sonhos.

Como um estudo

Como um estudo
Li os dentes
De mil violinos

E acariciei
As barbas ébrias
De um violão

E das vertigens
De nuvens e cem luas
Senti o pulso
De infinitos santos tambores

Paralizado
Entre murmúrios
Da lua rubra
Dos tempos

Tempos de batalha!
Lutei com cavaleiros da solidão
Bobos da corte
E a luz matinal de olhos brilhantes

Cruzados do mundo cruel
E maometanos em camelos de sal
Espirram o sangue da música
Nas areias da emoção

Chamem os arqueiros
Embebam as flechas
Com o fogo do malte
E lancem as sólidas
Rochas de boas lembranças

Nas masmorras, as frutas
Que atingiram o solo
Estéril do coração!

Monges, abram os
Mosteiros da reclusão
Que acolhem velhas
E sólidas rochas azuis

Guardem a sabedoria
Do mar de mil'anos
E dos ventos orientais

Libertem o escrivão!
Aos pobres as penas
Do falcão-diamante

Esqueçam o lírio
Pois as flores
Nada são do que
A liberdade plena

E aos da terra negra e fértil
Os condores, em seus corações
Incluam a foice e o ferro

Ecos engolem vidros sonhadores
E a sombra do silêncio
Toca a mão da realidade.

sábado, 29 de novembro de 2008

O que dizem as flores

O que dizem as flores
Quando embebidas
Em conhaque
Sentem o calor
De seu âmago pulsar?

O que diz o pássaro
Que impedido do vôo
Implora a liberdade
Da Sombra e do Mar?

O que dizem seus olhos
Feitos dos óleos e ventos
De conchas e estrelas
Azuis do oceano?

Suave entre as ondas
E serpentes
O cavalo marinho
Põem-se a dançar
Declamando;

(“Na essência do momento
O que diz a febre mente
Napoleônica e sombria
De suas mãos de porca?”)

E de que servem os versos

E de que servem os versos
Da minha alma cansada
Em febre lunática agitada
Se sou o trompete
Dançante cuspidor de notas
Que dança nos girassóis das letras?

Do que serviriam suas belas
E jovens flores mortas de alegria;
Se é o lírio, que uma vez aberto
Borrifa o iceberg com seu néctar
Suave e delicioso (& também silencioso)?

E uma vez no néctar da vida
Do silêncio mórbido da noite;
De nada servirá a vida que pinga
Por entre suas coxas.

(Charlie Parker é Buda)

O som do olho

Veja, escute!
O som do conhaque
Que se diverte entre
Os velozes peixes
E tartarugas
(da Música)

Saboreei o metal
Dos seus olhos
De saxofone.

E do seu rubro óleo
Em sua ardil argila
Que oh! É também
Magnânima.

Do altar etílico jaz o jazz & O lírio espera ser ouvido por Eros

I

Do altar etílico jaz o jazz
Que passeia pelos contornos e adornos
Dos ouvidos da escrivaninha de madeira;
Que vibra; viva.

O calor lhe enche os poros que
Também vivos, exalam suavemente
O poder magnífico da morte
Prematura e jovial.

Ah, e o álcool
Nas veias elétricas
Do Stereo Parker Quartet
Náuseas deliciosas
Nos precedem com o vento
De suas narinas de Gárgula

II

Assustadoramente belo
Entre flores e odores
Exóticos do enxofre e do mel
O lírio espera ser ouvido
Por Eros em sua majestosa
Cama musical.

Branda como o relâmpago
De teus versos que meus;
Na sinceridade do vento
Lamento de não possuir AGORA
Sua tão formosa flor.

Que da ornitologia do vento
O calor de suas narinas suaves
O vento feito da mais pura luz
Os olhos do oceano não estão mais
Entre as pradarias rebeldes
Dos meus olhos versos.

Borrei a mão com os sabores
E corredores invisíveis
De teu lírio ventre.