quarta-feira, 7 de março de 2007

Comtemplação

Era mais fácil quando tudo era uma parede ao meu lado. Quando você era só a garçonete de Manet e eu apenas sonhava com seus traços e contornos.

Passam-se meses, sonhos, meses, lamúrias...meses, dias, dias, dias. Você aparece, nasce para mim e para minhas suíças mal feitas e mal barbeadas. E logo me vejo a dormir ao seu lado e te amar como nunca amei outra pessoa.

E passam-se dias, dias, dias...semanas (com você); Mal sinto falta da nicotina e do gin diários.

Até que surgem novos fatos. Descubro que, ingenuamente, um quadro nunca foi e nunca será só meu. Um quadro, sempre foi e sempre será uma obra de arte invejada e desejada por todos os cafetões gigolôs empresários grâ-finos e intelectuais desse mundo medíocre. Uma súplica lacrimogênica do poeta beat. Gás lacrimogêneo e spray de pimenta nos olhos jovens e sonhadores do revolucionário ancião das ruas de cascalho, petróleo, lixo e cães do meu & seu mundo.

Um sopro de liberdade, seguido do trago de gin ou da fumaça dilacerante do haxixe. Alucinado mundo novo, Huxley quis dizer. Um mundo sujo onde o jovem tenta respirar liberdade mas é espiado pelo policial ou pelo padre na esquina.

Andando roto e arrastando o pé uma velha senhora diz: "Deus o abençoe, garoto." O jovem nunca respeitou tanto alguém após receber tal gesto dos mais sinceros e ternos. Talvez a senhora fosse como o jovem e ele como eu e você.

Nenhum comentário: