sábado, 29 de novembro de 2008

O que dizem as flores

O que dizem as flores
Quando embebidas
Em conhaque
Sentem o calor
De seu âmago pulsar?

O que diz o pássaro
Que impedido do vôo
Implora a liberdade
Da Sombra e do Mar?

O que dizem seus olhos
Feitos dos óleos e ventos
De conchas e estrelas
Azuis do oceano?

Suave entre as ondas
E serpentes
O cavalo marinho
Põem-se a dançar
Declamando;

(“Na essência do momento
O que diz a febre mente
Napoleônica e sombria
De suas mãos de porca?”)

E de que servem os versos

E de que servem os versos
Da minha alma cansada
Em febre lunática agitada
Se sou o trompete
Dançante cuspidor de notas
Que dança nos girassóis das letras?

Do que serviriam suas belas
E jovens flores mortas de alegria;
Se é o lírio, que uma vez aberto
Borrifa o iceberg com seu néctar
Suave e delicioso (& também silencioso)?

E uma vez no néctar da vida
Do silêncio mórbido da noite;
De nada servirá a vida que pinga
Por entre suas coxas.

(Charlie Parker é Buda)

O som do olho

Veja, escute!
O som do conhaque
Que se diverte entre
Os velozes peixes
E tartarugas
(da Música)

Saboreei o metal
Dos seus olhos
De saxofone.

E do seu rubro óleo
Em sua ardil argila
Que oh! É também
Magnânima.

Do altar etílico jaz o jazz & O lírio espera ser ouvido por Eros

I

Do altar etílico jaz o jazz
Que passeia pelos contornos e adornos
Dos ouvidos da escrivaninha de madeira;
Que vibra; viva.

O calor lhe enche os poros que
Também vivos, exalam suavemente
O poder magnífico da morte
Prematura e jovial.

Ah, e o álcool
Nas veias elétricas
Do Stereo Parker Quartet
Náuseas deliciosas
Nos precedem com o vento
De suas narinas de Gárgula

II

Assustadoramente belo
Entre flores e odores
Exóticos do enxofre e do mel
O lírio espera ser ouvido
Por Eros em sua majestosa
Cama musical.

Branda como o relâmpago
De teus versos que meus;
Na sinceridade do vento
Lamento de não possuir AGORA
Sua tão formosa flor.

Que da ornitologia do vento
O calor de suas narinas suaves
O vento feito da mais pura luz
Os olhos do oceano não estão mais
Entre as pradarias rebeldes
Dos meus olhos versos.

Borrei a mão com os sabores
E corredores invisíveis
De teu lírio ventre.