“Você precisa aprender seu instrumento. Daí, você pratica, pratica e pratica. E então, quando você finalmente subir no palco, esqueça tudo isso e apenas toque.”
Charlie “Bird” Parker
Seres humanos são como fogos de artifício. Alguns explodem por fúria, outros por dor, outros por puro desejo. Mas no final, todos explodem imploram e clamam por vida. E são exatamente nesses momentos de pura e majestosa explosão que o gozo real da vida se manifesta. A mais pura amargura vai lhe trazer o maior sentimento de vida que você já sentiu.
O sonhador que sonha com estradas reluzentes a furiosas pula de alegria quando sabe que provavelmente nunca será como seus heróis. Na essência de sua alma ele sabe disso, mas se esconde dos tiros discretos da realidade e se afoga em seu desejo supremo. E tudo fica inerte como os trens obsoletos na terra sagrada das ferrovias.
Mas o coração bate e bate, e baterá até se cansar completamente, e quando isso acontecer você finalmente encontrará a razão eterna de sua existência. E viverá como um santo, nos ecos escuros e gloriosos de sua própria mente e alma. Tudo está vivo e pronto para estar morto e atingir a iluminação mais alta. Porém, nós, seres humanos, fogos de artifício do alegórico intelecto, preferimos nos acorrentar ao próprio. Uma grande âncora gigantesca que te afunda até os confins de sua infinita consciência. Mas a âncora também é o foguete, que quando explode em suas mãos, te leva a tão sonhada glória, que você nem mesmo conhece mas anseia por conhecer. Logo, ame seus problemas. Ame os ratos e baratas que convivem junto de ti debaixo de seus pés pois eles lhe causam problemas. Elogie o deserto seco da vida e deseje ele como seu eterno guia e trilhe seus infinitos caminhos para sempre.
Um bluesman perde a visão, porém ganha a mais gloriosa dádiva musical. Afinal, do que serve a visão se tudo isso que vê mora em você próprio? Você é o poema. E absolutamente nada ao mesmo tempo.
Por isso, exploda e aceite isso com todo seu amor quando chegar a hora. E quando chegar a hora, estique suas cordas mais queridas e belas até o máximo até que elas arrebentem em um grandioso e eterno grito da mais pura satisfação. E então, depois do grito de alívio, olhe suas cordas retalhadas com honra e amor e amarre-as uma por uma, num nó que será mais forte do que tudo em que viu na vida. Você é o nó a corda e as mãos que as arrebentaram. Tudo isso ao mesmo tempo. Por isso, com o mesmo desejo, lhes peço: Vivam intensamente até tal hora chegar, e quando ela chegar, explodam como fogos de artifício.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
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